Para muitos jovens, tirar a carteira de motorista pode ser a realização de um sonho, mas para uma brasiliense de 19 anos, o processo não tem sido tão tranquilo assim. Ela afirmou que foi coagida por um dos examinadores durante a prova de direção realizada no último sábado (17). A vítima, que pediu para não se identificar por medo, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher I, da Asa Sul.
A universitária contou que a coação partiu de um dos dois examinadores que estavam com ela no carro. A jovem falou que o homem se direcionava à ela na base de gritos. “Durante todo o exame ele gritava comigo. Falava que eu era muito ansiosa, que gente ansiosa não podia dirigir e que iria [sic] viver batendo no carro de todo mundo”, afirmou a estudante.
O caso teria acontecido durante o exame de direção ao redor do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), que fica na Asa Norte. A brasiliense alega ter ficado abalada com toda a situação.“ Assim que eu saí do carro, recém-feito a prova, os meus pais estavam me esperando e eu automaticamente comecei a chorar”, completou a jovem.
Em contato com o Detran-DF sobre o caso, o departamento informou que os examinadores não são servidores do órgão, porém foram nomeados para realizar o exame mesmo fazendo parte de outro órgão. Os suspeitos foram notificados. Confira a nota em sua íntegra a seguir:
“O Departamento de Trânsito do Distrito Federal informa que o Núcleo de Avaliação de Candidato – Nucan, recebeu a reclamação por escrito da candidata referente à dupla de examinadores que a avaliaram no dia da prova prática de direção. A dupla faz parte do quadro de examinadores nomeados para a atividade, mas não são do quadro de servidores do Detran.
É procedimento da Coordenação da Banca Examinadora chamar, de imediato, os examinadores para responderem as reclamações dos candidatos no mesmo dia do exame. Contudo, como a reclamação chegou ao final das provas, os examinadores já haviam concluído suas atividades e não se encontravam mais no local das provas.
O Detran informa ainda que já notificou a dupla de examinadores para responderem por escrito sobre a reclamação e, a partir da resposta, avaliará as medidas administrativas a serem tomadas, caso seja verificada alguma conduta irregular”.
Em relação à autoescola responsável pela preparação/treinamento da universitária, a instituição informou não ter conhecimento do caso. A aluna teria comunicado apenas ao seu instrutor que sugeriu fazer a reclamação no Detran-DF. O caso continua em processo de investigação com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Até o momento, não há mais avanços sobre a ocorrência. O portal Atividade News chegou a questionar o Detran-DF se há algum levantamento de denúncias ou reclamações de situações como essas, mas o órgão informou não ter esse monitoramento.
“Os casos são raros, mas o Detran-DF não tem o quantitativo de ocorrências envolvendo examinadores e candidatos, pois, como dito anteriormente, a maioria das reclamações são resolvidas ainda na banca com a presença do candidato, dos examinadores e da coordenação da banca”, complementou o órgão.