O homem suspeito de liderar um grupo que aplicava o golpe da “falsa central de segurança de banco”, Wallyson Rodrigues de Oliveira, de 24 anos, foi preso na noite desta quarta-feira. Ele estava escondido em um hotel, em Valparaíso, no entorno do Distrito Federal. A prisão foi feita por equipes da Polícia Militar de Goiás.
O investigado tinha um mandado de prisão em aberto. Com o suspeito, foram localizados dois celulares que serão analisados pela perícia. Ele foi conduzido à 20ª DP, no Gama.
O bando que Wallyson chefiava foi alvo de uma operação articulada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Segundo a PCDF, eles enganaram uma idosa, moradora do Lago Norte, e ela perdeu R$ 107 mil.
A mulher não foi a única pessoa enganada. O bando fez outras vítimas e foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Nesta quarta-feira (12), foram cumpridos oito mandados de prisão, quatro mandados de busca e apreensão e 10 bloqueios de contas bancárias.
Durante a manhã, os agentes de segurança atuam no Novo Gama, no entorno, e em Ceilândia e Planaltina. O grupo criminoso comprava na “darkweb” planilhas com dados cadastrais de milhões de pessoas. Entre esses conteúdos, existiam informações sobre contas bancárias, detalhes do perfil socioeconômico, número de celulares e endereços residenciais.
Com base nessas informações, os criminosos selecionavam as vítimas de maior poder aquisitivo e preferencialmente idosas.Depois, entravam em contato por telefone, inclusive simulando na bina o verdadeiro número do banco. Com esse teatro e aproveitando-se da menor familiaridade das vítimas com as novas tecnologias, os criminosos induziam as pessoas a erro. Eles afirmavam, ainda, que teriam sido detectadas transações fraudulentas nas suas contas.
Com o ganho da confiança e com a distração criada pela falsa afirmação, conseguiam convencer as vítimas a entregar seus cartões e celulares a um interposto do banco que iria na casa da vítima pegar o material para “perícia” no banco com o objetivo de verificar a origem das transações não reconhecidas.
De posse dos cartões e celulares das vítimas, os criminosos faziam saques, transferências e empréstimos fraudulentos. “Nesse tipo de golpe, geralmente os bancos se negam a fazer o estorno dos valores, pois as vítimas entregaram os cartões aos criminosos. Assim, temos pessoas idosas enganadas tendo, já no final da vida, que suportar prejuízos e dívidas impagáveis.”, explicou o delegado Erick Sallum.
Lavagem de dinheiro
As transferências e os saques eram efetivados rapidamente em caixas eletrônicos de agências no entorno, onde parte do grupo criminoso “batia ponto” para evitar que as contas fossem bloqueadas antes da obtenção do proveito do crime. A investigação conseguiu obter as imagens de diversos desses saques, revelando a dinâmica delitiva e sua autoria.
A investigação detectou ainda que existem pessoas alugando suas contas bancárias para ser o canal primário de recebimento do dinheiro desviado. De fato, foram mapeados “marketplaces” em famosas redes sociais onde a compra/venda de contas bancárias virou uma atividade normalizada.
É possível comprar no atacado contas correntes de praticamente qualquer banco, em especial, dos digitais por valores que variam entre R$ 300 e R$ 500. Aqueles que vendem contas bancárias pessoais para terceiros também cometem crime e podem ser responsabilizados não só por lavagem de dinheiro, mas também como participante do estelionato..
“As novas tecnologias alteraram a sociedade pra sempre. Jamais retornaremos ao tempo de sossego e possibilidade de desatenção com a segurança cibernética. A polícia faz seu papel repressivo, mas a população deve redobrar os cuidados com seus relacionamentos e ações nos ambientes digitais. A ampla disponibilidade de mecanismos de IA irá potencializar ainda mais as capacidades dos golpistas”, falou o delegado.