Nesta semana, uma modelo brasiliense de 33 anos, Aline Ferreira, morreu após aplicar PMMA (polimetilmetacrilato) nos glúteos. Segundo os familiares, ela sofreu uma infecção generalizada. O caso ganhou repercussão e a polêmica envolvendo a utilização da substância voltou a ser destaque.
O PMMA é uma substância plástica. Ele não é absorvido pelo corpo e pode provocar sérias reações imunológicas.O uso de PMMA para preenchimentos estéticos não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBPC). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que o gel seja usado apenas em pessoas que sofreram deformações corporais decorrentes de doenças sérias.
A esteticista, Suélem Samer, fala sobre os riscos. “ O PMMA pode trazer necrose, formação de nódulos que vão trazer deformidade. Se houver uso em grande quantidade, podem aparecer problemas renais. A reação pode aparecer logo após a aplicação, como depois de anos”, explicou.
De acordo com a profissional, em muitos casos de complicações, é preciso fazer a remoção total do produto e isso só é possível com uma intervenção cirúrgica. “Hoje, no mercado, existem outras substâncias muito mais seguras para atingir o objetivo que o paciente quer. São substâncias biocompatíveis como o ácido hialurônico e o colágeno”, complementou.
De acordo com a SBPC, o uso de PMMA para fins estéticos pode levar à:
Processos inflamatórios e infecciosos;
Necrose de pele e adjacências em contato com o plástico;
Restringir ou causar a morte de partes do sistema cardiovascular;
Causar infecção renal, caso entre na corrente sanguínea e seja levado aos rins;
Cegueira, em casos nos quais o procedimento pressione ou invada o globo ocular;
Embolias pulmonares, especialmente em preenchimentos feitos no nariz;
Óbito decorrentes de infecções graves.
Caso Aline
A biomédica, Grazielly Barbosa, que realizou o procedimento na modelo brasiliense, Aline Ferreira, não tinha registro no conselho profissional da categoria. Investigações da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), da Polícia Civil de Goiás (PCGO), apontaram que a clínica onde a biomédica atuava, a Ame-se, em Goiânia, não possuía alvará sanitário. Os policiais civis acionaram a Vigilância Sanitária, que interditou o consultório.
Grazielly Barbosa foi levada à delegacia após receber voz de prisão em flagrante por crimes contra as relações de consumo.
Aline realizou a aplicação de PMMA no dia 23 de junho deste ano. Familiares afirmaram que ela passou mal logo após o procedimento. A vítima começou a ter febre e dor na barriga. Ao entrar em contato com a clínica, a recomendação foi apenas um remédio para dor de cabeça.